domingo, 17 de julho de 2011

Pensando bem... O café do próximo

À partir de hoje lanço uma nova sugestão de post, que intitulei de Pensando bem... e como o próprio nome diz, são alguns textos legais, interessantes, que vale a pena a reflexão, pelo menos durante a leitura. Começo com alguns trechos deste texto da Martha Medeiros, que achei bem bacana.

                                                    "O Café do Próximo "


"Foi em Praga , na República Tcheca, que surgiu o hábito do "café pendente". Tudo começou com o personagem de um livro. Ele entra num bar, toma um café e, quando vem conta, ele paga dois, explicando para a garçonete: "Pago o meu e deixo um pendente ". Inaugurou-se assim, o costume de se deixar pago dois, para o caso de surgir alguém sem trocado para um cafezinho. Tem uma livraria no Rio, com um charmoso Café e adotou este esquema, rebatizando-o de "café do próximo". Colocou um quadro negro na entrada, e ali vai anotando todos os cafés pendentes do dia, aqueles que já foram pagos. Às vezes tem dois, três, às vezes nenhum. Quem chega sem grana e ve ali no quadro que há um café pendente, pode pedi-lo sem constrangimento. Quando voltar outro dia, com dinheiro, poderá se quiser, pagar dois e retribuir a gentileza para o próximo desprevenido. E assim mantém-se a corrente, e ninguém fica sem café.

Num país como o nosso, com tanta gente passando dificuldades e com governantes desinteressados no bem estar social, esta história me pareceu quase uma parábola. Num cantinho no Rio de Janeiro, uns pagam os cafés dos outros, colocando em prática o tal "fazer o bem sem olhar a quem". Claro é sem pretensão de mudar o mundo, mas fico pensando que este tipo de mentalidade poderia ser mais propagado entre nós.

Realmente, talvez não seja uma boa idéia para ganhar as ruas, ao menos não num país como o nosso, onde a carência é tanta, a falta de segurança é tanta, a desordem é tanta e a malandragem nem se fala. Melhor deixar o "café do próximo "como um charme a mais dentro de uma livraria carioca. Mas de uma coisa eu não tenho dúvida; esse exemplo pequeníssimo de boa vontade terá que um dia ser ampliado por todos nós, ou a gente estende a mão pro tal do próximo, ou o próximo vai continuar exigindo o dele com uma faca apontada para nossa garganta.O pessoal de Brasilia não são próximos são os cada vez mais distantes. Deles não podemos esperar nada, ou a sociedade se mexe e estabelece novas regras de convívio social, com idéias simples, mas operacionais, ou o café do próximo vai nos custar cada vez mais caro.

Este texto está na íntegra no livro Doidas e Santas da autora Martha Medeiros.

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