segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Gente do lugar-Luis Antônio Jorge


O Luis Antônio, ou Tonho, estudou comigo no Antonio Olympio, sempre muito inteligente e reservado. Estudamos em Campinas praticamente na mesma época, e, apesar de não termos tido quase nenhum contato, como barretense sempre sabia um noticia aqui outra ali a seu respeito, assim como de todos colegas queridos da época de infância .Mas não sabia a dimensão do seu trabalho, e fiquei muito surpresa e orgulhosa desse nosso conterrâneo que possui um currículo realmente admirável. Bom, pra começar, ele é irmão da Ana Lucia e da Heloiza, filho da Mivalda e do sr. Luis Jorge. Casado com a Flávia, tem três filhas, as gemêas Ana e Luisa (11 anos) e a Lina (16 anos).
Ele é arquiteto urbanista e professor universitário (FAU/USP) desde 1988. Em 1991, abriu em Campinas a empresa "Casa da Arquitetura", dirigida até hoje por sua esposa, também arquiteta. Fez mestrado em 1993, período em que viajou para Espanha, França e Itália, e doutorado em 1999, os dois feitos na  Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (FAU/USP).
Dá aulas de prática de projeto de arquitetura e urbanismo e desenho industrial para o curso de graduação. Na pós graduação, dá aulas e orienta mestrados e doutorados em temas relacionados com o estudo da linguagem da arquitetura, do design e da cultura brasileira. Foi professor convidado em universidades na Cidade do México, Lisboa, Barcelona e em Maputo (Moçambique). Também já publicou livros, artigos em revistas especializadas do Brasil e outros países como Portugal, Itália, Uruguai, Chile e outros. Seu trabalho foi reconhecido e premiado, sendo quatro prêmios por publicações (dois livros e dois ensaios críticos) e dois pelos seguintes projetos: a "Reabilitação do centro Histórico da Cidade de Amparo (SP)", em 2006, e a "Casa da Cultura do Sertão" construída em 2008 em Morro da Garça (MG), dedicada à obra do escritor Guimarães Rosa; ambos são projetos relacionados com a preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiros. Ainda a respeito de sua profissão, comenta que da época em que se formou até hoje o que mudou foi a consciência sobre a escassez dos recursos naturais e sobre a necessidade de projetarmos edifícios e cidades (bairros, loteamentos) sustentáveis ou ambientalmente responsáveis. Fica a dica da experiencia para todos que estão começando, em especial para Barretos, que está em fase de muitas construções e crescimento neste setor.
Embora não seja ligado a moda, já orientou dois trabalhos, segundo ele fabulosos, de design de roupas feitos como conclusão de curso na FAU (sendo que um destes ex-alunos é destaque profissional da revista VOGUE). Ele diz adorar as áreas correlatas e complementares à moda, e eu também sempre me interessei muito e conclui que as vitrines resultam de um diálogo entre arquitetura, design, arte e moda. Certíssimo!
E aqui algumas fotos de projetos seus:

Biblioteca Nacional do México.

Projeto em Luanda, Angola


Casa em Valinhos.

  Casa em Campinas

Casa em Campinas

Casa em Campinas.


Casa da Cultura do Sertão.

Bárbaros esses projetos e execuções, parabéns!
Mas gostaria de terminar esse depoimento mostrando seu lado mais sensível, simples e poético, características necessárias a sua profissão. Acho que valorizar nossas raízes e memórias são fundamentais, não só para a construção de nossa história, mas para a nossa felicidade! Conta que seu mapa afetivo era definido nas avs.23, rua 14, av.21 e rua 12, onde fica a casa em que morou. Diz ser ali a "rua mais importante do mundo", pois nelas estão imersas as lembranças mais significativas da infância. Citando o poeta José Paulo Paes, "tempo em que a vida era de graça", que tempo bom! Lembra com carinho do avô André Jorge, velho espanhol, anarquista cheio de histórias sobre lugares que desconhecia e cacarecos maravilhosos que o presenteava todos os dias. O grupo escolar dr. Antonio Olympio era local de encontros com amigos com quem mantém contato até hoje e cita as lembranças das queridas professoras Edi Moni, D.Meir com sua voz linda e potente e D.Lurdinha. Assim como a maioria de nós, ele também acha que um dos maiores crimes da cidade foi a demolição do antigo prédio escolar que compunha uma unidade urbanística com a Catedral e as praças. Lembra que a av. 23 também era caminho para o Grêmio, onde media forças no campo de futebol, quadras piscinas e ampliava o leque de amigos e inimigos provisórios. No retorno, parada obrigatória no Pão de Açúcar para comer aquele misto quente realmente inesquecível. A missa aos domingos de manhã terminavam na hora da matinê no Cine Teteia, para ver Tarzan, Mazzaropi e Faroeste em preto e branco.
Como é bom recordar! Vamos combinar de reunir as famílias e, quem sabe, qualquer dia tomar um café (que ele também adora), com aquele pão de queijo mineiro bem quentinho que, concordo com você, não há nada melhor...! Muito bom saber um pouco da sua história! Só ficou devendo a foto da esposa e  filhas!  






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